HISTÓRIA DE OURO FINO
A BIQUINHA DA SOUSA
Por Ulisses de Abreu
“Ouro Fino ainda era a Vila de São Francisco de Paula.
O vilarejo se encontrava em efervescência com o vai e vem de “faisqueiros” na
busca incessante por ouro.
No rasto dos homens, também vieram as mulheres à serviço dos
mineradores.
Dentre elas apareceu a “andarilha” : SOUSA.
SOUSA era uma mulher de feições bonitas. Seus cabelos queimados
pelo sol e envoltos em pó avermelhado cobriam um rosto com
marcas de dor e sofrimento.
Era comum aos caminheiros, que por ela passavam, nas frias
madrugadas da Vila, vê-la estática e de olhar contemplativo para a
lua, que galopava ligeira naquele céu azul.
O seu olhar constante de paisagem para o céu trazia consigo uma grande
história de amor.
Ismália de Sousa fora encontrada por sua família na Vila de São
Francisco de Paula de Ouro Fino, postada na Biquinha de água
fresca e cristalina, onde costumava se banhar.
Ismália de Sousa vivera desde muito jovem um grande romance
com seu primo, que no dia do casamento a abandonou na igreja
diante dos convivas.
Ismália enlouquecera e ainda de traje do casamento fugiu da igreja,
no lusco fusco da noite e se tornara uma andarilha.
E as pessoas da Vila ao se referirem a Biquinha, sempre falavam:
A BIQUINHA DA SOUSA.
O grande poeta Aphonsus de Guimaraens fez em homenagem a
Ismália um dos seus grandes poemas:
“Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu
Viu outra lua no mar…”