Certificação na cafeicultura: uma ferramenta de gestão, rastreabilidade e consumo consciente

            Certificação agrícola é considerado um processo que visa realizar um modelo produtivo atendendo às legislações ambientais, sociais, econômicas e as boas práticas agronômicas com foco nas exigências dos consumidores.

            Na cafeicultura, atualmente há vários modelos de certificações, cada qual com seu protocolo único, contudo todos têm como objetivo melhorar as condições de trabalho, aprimorar o bem estar social do produtor, colaboradores e familiares, proporcionar retorno econômico, ofertar um produto de qualidade, preservar o meio ambiente e proporcionar maior eficiência dos processos. Por mais que a cafeicultura seja uma atividade que apresente um aspecto local e cultural muito forte fazendo com que cada propriedade seja única ainda sim é possível implementar estas ações

            A Certificação Agrícola, se executada de forma adequada, permite a obtenção de alguns resultados extras como a redução de gastos desnecessários, o aumento da produtividade, a melhoria na utilização dos insumos, melhor gestão dos processos administrativos e dos seus colaboradores bem como um melhor planejamento de suas ações tendo como base, as ações corretivas identificadas nas auditorias ou ações corretivas de melhorias contínuas.

            Com isso o produtor consegue erradicar os talhões com maiores prejuízos, executar o fluxo de caixa, identificar com maior clareza as lavouras com melhores qualidades entre outras informações importantes, ou seja, o produtor terá uma melhor gestão de seu negócio, sua propriedade.

            Todas essas tomadas de decisões podem ser feitas com base na rastreabilidade. Através da rastreabilidade o produtor identifica todos os pontos do processo produtivo ao longo da cadeia e no decorrer do ano agrícola é possível ter uma noção exata dos acertos e erros cometidos, permitindo o planejamento das ações a curto e médio prazo.

             Nesse contexto a certificação é um instrumento que vai nortear todas as ações adequadas à cafeicultura. Uma das maiores dificuldades de atendimento às normas é o gerenciamento da propriedade e dos documentos necessários para obter ou manter válida uma certificação.

            Nesta etapa o produtor deve ter um histórico de todos os processos dentro de sua propriedade, registrar todos os gastos com a produção do seu café a cada etapa, bem como uma análise final documentada de todo o ano agrícola para que no final deste ano agrícola, o empresário rural tenha em mãos o desembolso para produzir uma saca de café.

            Este é apenas um dos dispositivos que compõem o gerenciamento, contudo é um dos mais importantes pois o produtor sabe qual deve ser o preço de venda do café para que a propriedade gere receita.

            A certificação além de ser uma ferramenta de gestão também permite ao consumidor identificar todos os processos utilizados para produzir o café dessas fazendas vinculadas a essas certificações. Essas informações ajudarão os consumidores, principalmente no exterior a identificar o produto almejado com base nas suas crenças, ideais, cultura, educação e outros princípios, demonstrando para este público a qualidade sensorial e sanitária do produto, bem como a transparência social praticada nessas propriedades.

            Afinal, não basta apenas a qualidade para o consumidor, pois muitos cidadãos estão conscientes da sua responsabilidade como consumidor evitando a aquisição de produtos que contribui para as práticas nocivas de qualquer atividade do ser humano.

            Esta relação do consumidor de produtos certificados certamente é uma das mais pertinentes para evidenciar os bons cafeicultores eliminando do mercado os produtores que produzem fora dos padrões de sustentabilidade. Um consumidor que busca um produto certificado tem a certeza que este foi produzido em fazendas que preservam as florestas, não exploram a mão de obra e não implementam práticas danosas a sociedade realizando por conseguinte um consumo consciente.

            Todo este processo de gestão, produção sustentável, rastreabilidade e segurança alimentar ainda são muito novos na cafeicultura familiar. Cabe frisar que essa responsabilidade não precisa ficar com os patriarcas da família, pois estes muitas vezes já estão sobrecarregados com as demais atividades da propriedade.

            Portanto, recomendamos que esta responsabilidade fique com os demais membros das famílias, destacando o papel do jovem. Já existem várias ferramentas tecnológicas que ajudam o produtor a gerir e rastrear os processos produtivos, sendo portanto um caminho para estimular o jovem a estudar e permanecer no empreendimento.

            O jovem com esta responsabilidade certamente ajudará nas tomadas de decisões e com a prosperidade da empresa rural verá com estímulo seu engajamento na atividade e a certeza de continuidade no empreendimento rural.

Autor: Bruno Manoel Rezende de Melo; Tecnólogo em Cafeicultura, Doutor em Agronomia/Fitotecnica. IFSULDEMINAS-Campus Inconfidentes. 

Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/4059991435170878

Autor: Thiego Duarte; Coordenador da Garantia da Qualidade e graduando em Engenharia Agronômica

Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/5735466261456361

Autora: Maria Helena Almeida Marcilio; Engenheira Agrônoma.

Currículo lattes:  http://lattes.cnpq.br/1387189810915537

Autor: Tulio Fulan; Técnico em Agrimensura e graduando em Engenharia Agronômica- IFSULDEMINAS-Campus Inconfidentes

Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/4718923413171757

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