História de Ouro Fino: A Matriz e sua História!

No topo da bela e histórica MATRIZ DE SÃO FRANCISCO DE PAULA DE OURO FINO, Jesus Cristo abre seus braços e estende suas mãos num abarcar das montanhas, que circundam a cidade. Como a mãe protetora, transforma Ouro Fino numa grande manjedoura, onde nasceram todos as suas filhas e filhos, que guardam por sua terra um amor incontido.

JESUS CRISTO, fixado em seu imenso pedestal, se apresenta com um ar sereno de quem não sofreu as agruras do CALVÁRIO. Buscou no perdão, a cura para os ferimentos de sua alma. Agora ilumina o povo de Ouro Fino, aspergindo amor, através do ar fresco vindo das montanhas, que o rodeiam.

Num caminhar constante de fiéis e romeiros, bem abaixo da grandiosa imagem de JESUS, se encontra a Rua Padre João Rabelo, cujo vigário também viveu a sua “via crucis” por ser bom e generoso para um povo sofrido da VILA DE SÃO FRANCISCO DE PAULA DE OURO FINO.

O Estado cuida do material; a Igreja da alma. Há uma distinção significativa no trato de cada uma dessas entidades. Quando a Igreja passa a interferir no Estado, deixa de cuidar de seu principal ofício e se imiscui com as miudezas do Estado. Certamente os dogmas e princípios morais e sagrados são colocados de lado, afetando brutalmente a condução de um rebanho, que busca a purificação da alma.

Isso ficou explícito no período da Santa Inquisição.

(Foto: Arrozal no Ribeirão Santa Izabel em Ouro Fino – www.cnm.org.br)

Corria o ano de 1750, o ouro jorrava das minas com abundância e as igrejas de Mariana e Ouro Preto eram bordadas com o precioso e cobiçado metal.  Nessa época, a exploração de ouro no arraial de São Francisco de Paula era ainda muito fraca, segundo as vozes dos faisqueiros, mas extremamente promissora.

Aproveitando-se do falecimento de D. Bernardo Nogueira, bispo de São Paulo, o também bispo de Mariana, Frei Manoel da Cruz determinou a tomada da paróquia de São Francisco de Paula das mãos do Padre João Rabelo, que bem representava o bispado de São Paulo.

Fortemente guardado por jagunços e arcabuzes, o vigário João Bernardo da Costa Estrada partiu para a tomada da Capela, dirigida pelo humilde pároco padre João Rabelo.

Desprotegido, ao tomar conhecimento do que lhe esperava, padre João Rabelo fechou a Capela e esgueirando-se entre as casas do vilarejo fugiu para evitar maiores consequências.

O ouro aos poucos foi-se definhando das bateias do vilarejo e só em 1822 o padre Joaquim Manoel Fiuzza começou a erguer a monumental Matriz de São Francisco de Paula de que tanto nos orgulhamos. E resta ao injustiçado Padre João Rabelo o nome da Rua, que certamente o levou, por muitas vezes, àquela casa de Deus.

“Ao buscares um templo, busque FÉ e não OURO”.

Ulisses Abreu – 30/03/2022

A imponente matriz de São Francisco de Paula, de Ouro Fino, que hoje responde por um dos maiores símbolos históricos e turísticos da cidade, também viveu dias obscuros ao se enredar entre a fé de um povo e as disputas de Estados.

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