Boletim de aviso das principais doenças e pragas nas lavouras cafeeiras para a região de Inconfidentes/MG

Notice bulletin for the main diseases and pests in coffee crops for the region of Inconfidentes/MG

Abril 2023

O objetivo deste boletim é trazer informações mensais sobre a ocorrência das principais pragas e doenças na cafeicultura para a região de Inconfidentes, no sul de Minas Gerais. Estas informações são indicativos do que pode estar ocorrendo em outras lavouras em situações semelhantes de manejo, espaçamento, cultivares, localização e condições climáticas. 

Talhão: Rancho 1 (cultivares: Catuaí e Icatu Amarelo)

Localização: setor de Cafeicultura da Fazenda-Escola do IFSULDEMINAS Campus Inconfidentes, Inconfidentes/MG.

Época de avaliação: 3ª semana de março/2023    Altitude: 942 m

Cultivar: mistura de Catuaí e Icatu Amarelo Espaçamento: 2×1 m    

Coordenadas Geográficas: 22° 18’ 27,64” S;   46° 20’ 11,29” O Área: 4.259 m2                          Ano de plantio: Década de 1990 Perspectiva de produção: 30 sacas/hectare.

Manejo: Foram realizadas três adubações até a data presente. Não ocorreu nenhuma aplicação de defensivo.  

 

Cercosporiose (Cercospora coffeicola) e Ferrugem (Hemileia vastatrix)Os níveis de cercosporiose encontram-se abaixo de 10% (10% nível de controle), entretanto com o avanço da granação e maturação estes níveis tendem a se elevar. A ferrugem desperta atenção pois está bem acima do nível de controle (5% nível de controle), fato verificado em março de 2022. A previsão é que estes valores continuem progredindo, situação verificada em 2022, caso não sejam realizadas pulverizações de fungicidas curativos, comprometendo assim, a próxima safra (2023/2024). Deste modo um técnico especializado deve ser procurado para indicar o melhor manejo sendo fundamental continuar o monitoramento mensal. 

Bicho Mineiro (Leucoptera coffeella): Para esta praga os níveis de incidência estão abaixo do nível de controle (20% nível de controle), uma vez que as condições climáticas até o momento não estão favoráveis ou seja ainda estamos com a ocorrência de chuvas, condição semelhante a março de 2022, sendo indicado continuar o monitoramento da lavoura.

Figura 1 – Porcentagem de incidência da cercosporiose, ferrugem e bicho mineiro no talhão do Rancho 1, no período de abril  de 2021 a abril de 2023 em Inconfidentes/MG.

Fonte: Autores (2023)

Talhão: Valter 2 (cultivar: Mundo Novo)

Localização: setor de Cafeicultura da Fazenda-Escola do IFSULDEMINAS Campus Inconfidentes, Inconfidentes/MG.

Época de avaliação: 3ª  semana de março/2023 Altitude: 933 metros

Cultivar: Mundo Novo                                                  Espaçamento: 2×1 m  

Coordenadas Geográficas: 22° 18’ 37,26” S; 46° 20’ 12,85” O Área: 5.000m2            

Ano de plantio: Década de 1970 Perspectiva de produção: 20 a 30 sacas/hectare

Manejo:  Foram realizadas três adubações até a data presente. Não ocorreu nenhuma aplicação de defensivo.

Ferrugem (Hemileia vastatrix): o talhão do Valter 2, apresenta sombreamento em 20% da área, associado à maior umidade no período de granação, favorecendo para que o nível de ferrugem esteja acima de 20%. Estes valores acompanham a mesma evolução registrada em 2022, portanto um técnico deve ser procurado para indicar o melhor manejo.

Cercosporiose (Cercospora coffeicola): mesmo que a lavoura já seja antiga, a cultivar Mundo Novo é muito vigorosa, associado a uma boa fertilidade do solo, permitindo que o nível desta doença fique abaixo dos 5%, indicando apenas a continuidade do monitoramento. 

Bicho Mineiro (Leucoptera coffeella): a lavoura encontra-se aberta (arejada) devido ao maior espaçamento por planta, contudo a alta umidade associada à mata existente na área, provoca um aumento da predação das larvas, permitindo que o nível desta praga esteja  abaixo de  5% de infestação, indicando apenas a continuidade do monitoramento.

Figura 2 – Porcentagem de ocorrência da cercosporiose, ferrugem e bicho mineiro no talhão do Valter 2, no mês de abril de 2021 a abril de 2023, em Inconfidentes/MG.

Anexo I – Metodologia e planilha para monitoramento de pragas e doenças na cafeicultura. 

Ficha de Monitoramento de pragas e doenças
Talhão:
Variedade: 
Idade da lavoura:                                          Localização:
Data da coleta:                                         Data da próxima coleta:
Responsável pela amostragem:         

PlantaN° de folhas com cercosporiose (olho pardo ou olho de pombo)N°de folhas com ferrugemBicho Mineiro – número de folhas com minas sem predação*
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
Total (%)
*Predação= Termo utilizado para descrever o processo no qual as vespas se alimentam da larva do bicho mineiro, fazendo portanto seu controle natural.

Descrição da Metodologia de Amostragem

Na mesma metodologia avalia-se a ferrugem, a cercosporiose e o bicho mineiro.

  • Dividir os talhões homogêneos (3 a 5 mil plantas), separados pelas diferentes   cultivares utilizadas na área, idade da lavoura e topografia do terreno (topo ou baixadas);
  • Fazer o caminhamento em ziguezague, para que a amostragem seja a mais homogênea possível; 
  • Amostrar 25 plantas por talhão, evitando as plantas da bordadura;
  • Avaliar as folhas sempre no terço médio da planta, verificando-se o 3° ou 4° par de folhas, nos dois lados da planta. Nesta amostragem não há necessidade de se coletar as folhas;
  • Avaliar o bicho mineiro, verificando se a “mina” foi predada pelas vespas (Figura 3 A e B). Neste caso, estas minas são consideradas inativas e não devem ser marcadas na planilha. Deve marcar apenas as minas sem predação (Figura 3 C). Pode ocorre  em alguns casos que o ressecamento da mina e ação do vento provoque a sua abertura, o que não quer dizer que foi predada, devendo marcar na planilha como folha sem predação (Figura 3 D);
  • Para a cercosporiose, esta avaliação vai ocorrer na parte de cima da folha, procurando identificar o “olho de pomba” (Figuras 4);
  • A ferrugem é analisada na parte debaixo da folha (abaxial), averiguando se há pústulas de coloração alaranjada (Figura 5 A). Na parte de cima da folha (Figura 5 B) é verificada apenas uma descoloração da folha no local em que a ferrugem produziu a esporulação. Em alguns casos, onde ocorre grande umidade, sendo comum o fungo Lecanicillium hemileia, realizar a predação da ferrugem (Figura 5 C). Portanto não se faz a marcação para a ferrugem na planilha do anexo I, pois a mesma foi colonizada.  
  • Na linha Total da Planilha do Anexo I, vai ser somado o número de folhas com  ferrugem, cercosporiose e bicho mineiro, sendo o total a porcentagem de infestação. 

A Amostragem é uma etapa importante para a indicação correta e segura de produtos fitossanitários. Deve ser representativa para o total de plantas do talhão e realizada de maneira criteriosa. A tomada de decisão deve ser feita com base na amostragem em cada um dos talhões (avaliação de uma única área não deve ser extrapolada para toda a propriedade). Com os resultados consultar um Técnico especializado em cafeicultura (Eng. Agrônomo, Tecnólogo em Cafeicultura, Técnico em Agropecuária, Técnico em Cafeicultura). Esta conversa com o Técnico é indispensável, pois com base em outras informações ele irá tomar a decisão mais adequada para cada caso. 

Figura – 3. A Mina predada pelas vespas;   B. Minas sendo predada pela vespa; C. Mina sem predação; D Ressecamento e ação do vento na mina não predada;


Fonte: (Melo, 2020).

Figura – 4. Cercosporiose ou mancha de olho pardo. 

Fonte: (Melo, 2020).

Figura –  5. A Ferrugem do cafeeiro na parte de baixo da folha; B Sinais da ferrugem do cafeeiro na parte de cima da folha, C Colonização da ferrugem pelo fungo Lecanicillium lecanii.

Fonte: (Melo, 2020).

Equipe Técnica Responsável pelo Boletim

Bruno Manoel Rezende de Melo, Dr. Agronomia/Fitotecnia, Tecnólogo em Cafeicultura. Responsável Técnico setor de cafeicultura do IFSULDEMINAS Campus Inconfidentes e Coordenador do Grupo de Estudos em Cafeicultura Sustentável (Gecafés). Pesquisador e extensionista. 

Sindynara Ferreira, Dr. Agronomia/Fitotecnia, Engenheira Agrônoma. Professora do IFSULDEMINAS  Campus Inconfidentes. Pesquisadora e extensionista. 

Telma Miranda dos Santos, Dra. em Fitotecnia, Engenheira Agrônoma.

Estudantes participantes do Grupo de Estudos em Cafeicultura Sustentável (GECAFÉS) no 1º semestre de 2023.

EstudantesCurso
Thalia Rosa da Silva  Engenharia Agronômica
Rafael de Cássio Rezende Engenharia Agronômica
Pollyanna de Fatima BorgesEngenharia Agronômica
Carla Helen de LimaEngenharia Agronômica
Vítor Marinello SouzaEngenharia Agronômica
Priscilla Maiara de Abreu VieiraEngenharia Agronômica
Daniel Luiz Faria Silva Engenharia Agronômica
João Pedro de Toledo Piza Engenharia Agronômica
Ana Carolina da Silva GomesEngenharia Agronômica
Gabriela Natali de Lima Engenharia Agronômica
Inara Almeida PereiraEngenharia Agronômica
Joyce Fernandes de AssisEngenharia Agronômica
Emily Rocha RibeiroEngenharia Agronômica
Raissa de Lima Salomão Leme Engenharia Agronômica
Giovani RouxinolliEngenharia Agronômica
Amanda Gabriela de MiraEngenharia Agronômica
Gabriel Rodrigues de Souza TorresEngenharia Ambiental
Eduardo Lucas de SouzaEngenharia Agronômica
Maria Luisa dos Santos PereiraEngenharia Agronômica
Silvia Maria Campos Bravo Engenharia Agronômica
Flávia de Souza Veronezzi Bastos Engenharia Agronômica
Igor Pushnoff Gestão Ambiental

Dúvidas e/ou sugestões entrar em contato pelo e-mail: bruno.melo@ifsuldeminas.edu.br.

Deixe um comentário