Boletim de aviso das principais doenças e pragas nas lavouras cafeeiras para a região de Inconfidentes/MG (Maio 2023)

Notice bulletin for the main diseases and pests in coffee crops for the region of Inconfidentes/MG

O objetivo deste boletim é trazer informações mensais sobre a ocorrência das principais pragas e doenças na cafeicultura para a região de Inconfidentes, no sul de Minas Gerais. Estas informações são indicativos do que pode estar ocorrendo em outras lavouras em situações semelhantes de manejo, espaçamento, cultivares, localização e condições climáticas. 

Talhão: Rancho 1 (cultivares: Catuaí e Icatu Amarelo)

Localização: setor de Cafeicultura da Fazenda-Escola do IFSULDEMINAS Campus Inconfidentes, Inconfidentes/MG.

Época de avaliação: 3ª semana de maio/2023    Altitude: 942 m

Cultivar: mistura de Catuaí e Icatu Amarelo Espaçamento: 2×1 m    

Coordenadas Geográficas: 22° 18’ 27,64” S;   46° 20’ 11,29” O Área: 4.259 m2                          Ano de plantio: Década de 1990 Perspectiva de produção: 30 sacas/hectare.

Manejo: Foram realizadas três adubações até a data presente. Não ocorreu nenhuma aplicação de defensivo. 

Cercosporiose (Cercospora coffeicola): Os níveis de cercosporiose encontram-se abaixo de 10% (acima deste valor é indicado o manejo químico), entretanto com avanço da maturação estes níveis tendem a se elevar (FIGURA 1).

Ferrugem (Hemileia vastatrix): Deve haver uma atenção redobrada pois a doença está bem acima do nível de controle que é de 5%, fato verificado em maio de 2022. A previsão é que estes valores se estabilizem ou reduzam em função da desfolha acentuada verificada no campo, situação observada em 2022 e com o início da colheita não há como proceder nenhuma pulverização. Consequência haverá um comprometimento da safra de 23/24 e 24/25 em função do menor acúmulo de energia, menor abertura de flores e crescimento reduzido de ramos (FIGURA 1). .

Bicho Mineiro (Leucoptera coffeella): Para esta praga os níveis de incidência estão abaixo do nível de controle (20% nível de controle químico), contudo com o avanço do período seco, certamente estes níveis irão evoluir como observado em maio de 21 e 22. Nesta época o manejo químico já deveria ter sido realizado para evitar este cenário que poderá culminar com o aumento da praga, consequentemente provocando maior nível de desfolha (FIGURA 1).

Figura 1 – Porcentagem de incidência da cercosporiose, ferrugem e bicho mineiro no talhão do Rancho 1, no período de maio de 2021 a maio de 2023 em Inconfidentes/MG.

Fonte: Autores (2023)

Talhão: Valter 2 (cultivar: Mundo Novo)

Localização: setor de Cafeicultura da Fazenda-Escola do IFSULDEMINAS Campus Inconfidentes, Inconfidentes/MG.

Época de avaliação: 3ª  semana de maio/2023 Altitude: 933 metros

Cultivar: Mundo Novo                                                  Espaçamento: 2×1 m  

 

Coordenadas Geográficas: 22° 18’ 37,26” S; 46° 20’ 12,85” O Área: 5.000m2            

Ano de plantio: Década de 1970 Perspectiva de produção: 20 a 30 sacas/hectare

Manejo:  Foram realizadas três adubações até a data presente. Não ocorreu nenhuma aplicação de defensivo.

Cercosporiose (Cercospora coffeicola):Para esta doença a ocorrência é menor do que 5%, sendo que isso está associado a cultivar Mundo Novo que é muito vigorosa, apresentando o solo uma boa fertilidade , indicando apenas a continuidade do monitoramento (FIGURA 2).

Ferrugem (Hemileia vastatrix): Há uma situação preocupante para esta doença pois os níveis de ocorrência estão acima de 70%. A previsão é que estes valores se estabilizem ou reduzam em função da desfolha acentuada verificada no campo, situação observada em 2022 e com o início da colheita não há como proceder nenhuma pulverização. Mesmo em lavouras que serão podadas o prejuízo será certo, pois com a menor área foliar, resultará num menor crescimento no período pós poda (FIGURA 2).

Bicho Mineiro (Leucoptera coffeella): a lavoura encontra-se aberta (arejada) devido ao maior espaçamento por planta, contudo a alta umidade associada à mata existente na área, provoca um aumento da predação das larvas, permitindo que o nível desta praga esteja abaixo de 5% de infestação, indicando apenas a continuidade do monitoramento.

Figura 2 – Porcentagem de ocorrência da cercosporiose, ferrugem e bicho mineiro no talhão do Valter 2, no mês de maio de 2021 a maio de 2023, em Inconfidentes/MG.

Fonte: Autores (2023)

Anexo I – Metodologia e planilha para monitoramento de pragas e doenças na cafeicultura.

Ficha de Monitoramento de pragas e doenças
Talhão:
Variedade:
Idade da lavoura: Localização:
Data da coleta: Data da próxima coleta:
Responsável pela amostragem:


PlantaN° de folhas com cercosporiose (olho pardo ou olho de pombo)N°de folhas com ferrugemBicho Mineiro – número de folhas com minas sem predação
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Total (%)


Metodologia de Amostragem

Na mesma metodologia avalia-se a ferrugem, a cercosporiose e o bicho mineiro.

  • Dividir os talhões homogêneos (3 a 5 mil plantas), separados pelas diferentes cultivares utilizadas na área, idade da lavoura e topografia do terreno (topo ou baixadas);
  • Fazer o caminhamento em ziguezague, para que a amostragem seja a mais homogênea possível;
  • Amostrar 25 plantas por talhão, evitando as plantas da bordadura;
  • Avaliar as folhas sempre no terço médio da planta, verificando-se o 3° ou 4° par de folhas, nos dois lados da planta. Nesta amostragem não há necessidade de se coletar as folhas;
  • Avaliar o bicho mineiro, verificando se a “mina” foi predada pelas vespas (Figura 3 A e B). Neste caso, estas minas são consideradas inativas e não devem ser marcadas na planilha. Deve marcar apenas as minas sem predação (Figura 3 C). Pode ocorre em alguns casos que o ressecamento da mina e ação do vento provoque a sua abertura, o que não quer dizer que foi predada, devendo marcar na planilha como folha sem predação (Figura 3 D);
  • Para a cercosporiose, esta avaliação vai ocorrer na parte de cima da folha, procurando identificar o “olho de pomba” (Figuras 4);
  • A ferrugem é analisada na parte debaixo da folha (abaxial), averiguando se há pústulas de coloração alaranjada (Figura 5 A). Na parte de cima da folha (Figura 5 B) é verificada apenas uma descoloração da folha no local em que a ferrugem produziu a esporulação. Em alguns casos, onde ocorre grande umidade, sendo comum o fungo Lecanicillium hemileia, realizar a colonização da ferrugem (Figura 5 C). Portanto não se faz a marcação para a ferrugem na planilha do anexo I, pois a mesma foi colonizada.
  • Na linha Total da Planilha do Anexo I, vai ser somado o número de folhas com ferrugem, cercosporiose e bicho mineiro, sendo o total a porcentagem de infestação.

A Amostragem é uma etapa importante para a indicação correta e segura de produtos fitossanitários. Deve ser representativa para o total de plantas do talhão e realizada de maneira criteriosa. A tomada de decisão deve ser feita com base na amostragem em cada um dos talhões (avaliação de uma única área não deve ser extrapolada para toda a propriedade). Com os resultados consultar um Técnico especializado em cafeicultura (Eng. Agrônomo, Tecnólogo em Cafeicultura, Técnico em Agropecuária, Técnico em Cafeicultura). Esta conversa com o Técnico é indispensável, pois com base em outras informações ele irá tomar a decisão mais adequada para cada caso.

Figura – 3. A Mina predada pelas vespas; B. Minas sendo predada pela vespa; C. Mina sem predação; D Ressecamento e ação do vento na mina não predada.

Fonte: (Melo, 2020).

Figura – 4. Cercosporiose ou mancha de olho pardo.

Fonte: (Melo, 2020).

Figura – 5. A Ferrugem do cafeeirona parte de baixo da folha; B Sinais da ferrugem do cafeeiro na parte de cima da folha, CColonização da ferrugem pelo fungo Lecanicillium lecanii.

Fonte: (Melo, 2020).

Equipe Técnica Responsável pelo Boletim

Bruno Manoel Rezende de Melo, Dr. Agronomia/Fitotecnia, Tecnólogo em Cafeicultura. Responsável Técnico setor de cafeicultura do IFSULDEMINAS Campus Inconfidentes e Coordenador do Grupo de Estudos em Cafeicultura Sustentável (Gecafés). Pesquisador e extensionista.

Sindynara Ferreira, Dr. Agronomia/Fitotecnia, Engenheira Agrônoma. Professora do IFSULDEMINAS Campus Inconfidentes. Pesquisadora e extensionista.

Telma Miranda dos Santos, Dra. em Fitotecnia, Engenheira Agrônoma.

Estudantes participantes do Grupo de Estudos em Cafeicultura Sustentável (GECAFÉS) no 1º semestre de 2023.

EstudantesCurso
Thalia Rosa da SilvaEngenharia Agronômica
Rafael de Cássio RezendeEngenharia Agronômica
Pollyanna de Fatima BorgesEngenharia Agronômica
Carla Helen de LimaEngenharia Agronômica
Vítor Marinello SouzaEngenharia Agronômica
Priscilla Maiara de Abreu VieiraEngenharia Agronômica
Daniel Luiz Faria SilvaEngenharia Agronômica
João Pedro de Toledo PizaEngenharia Agronômica
Ana Carolina da Silva GomesEngenharia Agronômica
Gabriela Natali de LimaEngenharia Agronômica
Inara Almeida PereiraEngenharia Agronômica
Joyce Fernandes de AssisEngenharia Agronômica
Emily Rocha RibeiroEngenharia Agronômica
Raissa de Lima Salomão LemeEngenharia Agronômica
Giovani RouxinolliEngenharia Agronômica
Amanda Gabriela de MiraEngenharia Agronômica
Gabriel Rodrigues de Souza TorresEngenharia Ambiental
Eduardo Lucas de SouzaEngenharia Agronômica
Maria Luisa dos Santos PereiraEngenharia Agronômica
Silvia Maria Campos BravoEngenharia Agronômica
Flávia de Souza Veronezzi BastosEngenharia Agronômica
Igor PushnoffGestão Ambiental

Dúvidas e/ou sugestões entrar em contato pelo e-mail: bruno.melo@ifsuldeminas.edu.br.

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