História de Ouro Fino: Tiãozinho – O Tom Mix de Ouro Fino

Por Ulisses Abreu

Tiãozinho, como tantos outros jovens, na década de cinquenta, se apaixonou pelo protagonista dos filmes de cowboy, TOM MIX, vendo westerns tão bem retratados por William S. Hart.

Os cartazes em frente ao Bar do Paulo, estampavam TOM MIX com dois revólveres, um em cada mão, empunhados para o alto, fato que estimulava mais ainda a vontade de Tiãozinho de assistir ao filme.

Com o carrinho de vender sorvete, não se cansava de subir e descer as íngremes ladeiras de Ouro Fino para ganhar o valor suficiente para compra do ingresso no cinema daquele tão esperado dia.

O Filme “DURO DE VENCER”.

Deitado sobre um colchão de palha, numa cama tosca de madeira, Tiãozinho não conseguia dormir revendo as cenas eletrizantes do filme que acabara de assistir.

Tom Mix não era para ele só um ator, representava um defensor dos pobres e oprimidos naquele abandonado Velho Oeste. Montado em seu inseparável cavalo TONY, duas armas nas mãos, era um imortal herói da vida real.

Tiãozinho decidira naquela noite partir para São Paulo, ganhar a vida, ser bem sucedido e, assim, ajudar seus pais, amigos e os pobres e oprimidos de Ouro Fino.

SER UM TOM MIX DE OURO FINO.

Em São Paulo, a realidade mostrou a Tiãozinho, que a história de vida não corresponde à do mundo irreal dos filmes. Poucos dias na casa de uma tia e com o aumento das despesas jogaram-no para debaixo de um viaduto ao lado de um catador de papelão, apelidado de NEGO JOSIAS.

Para sobreviver, passou a ajudar o Nego Josias na Av. Paulista. Poucos dias de trabalho foi preso, juntamente com um grupo de ladrões, que aplicavam o golpe da “SAIDINHA.”

Na escola do crime no CARANDIRU, aprendeu que matar policial é a forma mais fácil de corrigir as injustiças.

Dois revólveres nas mãos, Tiãozinho saiu preparado agora para a vida do crime.

Tornou-se um dos mais temidos assaltantes de São Paulo. Viveu por muito tempo nas manchetes policiais dos grandes jornais da capital Paulista.

Num confronto com a polícia, caído e gravemente baleado, um dos policiais levantou a sua cabeça, puxando-a pelos cabelos, lhe perguntou:

– Quem é você?

E, ele, nos estertores da morte, um filete de sangue correndo pelos seus lábios, respondeu com um ar de nobreza:

– SOU O TOM MIX DE OURO FINO.

Ulisses Abreu – 10/04/2022

(Fotos e ilustrações retiradas do Wikipédia, Blog “A ordem natural das coisas” e Blog Duro na Queda)

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