História de Ouro Fino: Olavinho Junqueira – O Pebinha

Olavinho Junqueira falecera, há pouco tempo, em sua fazenda de café, no município de Ouro Fino. Era de porte pequeno, gordinho e uma carinha de tatu. Daí seu apelido de PEBINHA.

Com sua morte, uma revelação nada surpreendente: deixou uma filha fora do casal.

Maria Tereza, em que pese morar na roça, procurava cuidar da sua beleza pessoal. Corpo bem moldado; olhos verdes, numa pele amorenada, que moldurava um rosto arredondado, dando graça e magia no seu sorriso largo.

PEBINHA se apaixonou por Maria Tereza desde o dia que contratou seu marido para “panha” de café.

Zé Elias no cafezal, PEBINHA na cozinha de Maria Tereza a galanteá-la. Ela adorava as visitas frequentes de PEBINHA na sua casa. Sempre servia um café forte, com um bolo fresquinho para o patrão.

 Zé de Elias, certa feita, confidenciou a PEBINHA, que pelejava para engravidar Maria Tereza, mas nunca conseguia, apesar de mais de 10 anos de casado.

PEBINHA, com sorriso matreiro, respondeu:

– Fique tranquilo, Zé, um dia vai dar certo.

Esse dia realmente chegou. Zé Elias, muito contente, contou a PEBINHA que sua mulher estava grávida.

– Parabéns, Zé. Você agora provou que é macho mesmo.

Nove meses depois Maria Tereza dá à luz a uma menina. A carinha da criança era exatamente a do PEBINHA. Um verdadeiro tatuzinho.

Na Santa Casa, Zé Elias, numa indisfarçável alegria, mostrou a recém nascida a PEBINHA. Ele empalidecera ao ver a criança. O seu retrato. Meio desapontado se virou para Zé Elias:

– É uma belezinha a menina. É sua cara, Zé. Vamos agora lá no Cartório de Registro Civil registrar essa criança. É da lei, nasceu, registrou.

À medida que Maria Zilda crescia, mais se parecia com PEBINHA. Era público e notório que aquela menina fora registrada como filha de Zé Elias, mas o pai verdadeiro era PEBINHA.

No dia da divisão dos bens deixados por PEBINHA, os seus filhos legítimos se reuniram no galpão de café para a partilha do estoque de cem sacas, que se encontravam armazenadas.

Maria Tereza, para criar coragem, comprou uma garrafa da pinga “Bonito”, bebeu uns goles, foi para o galpão com a intensão de reivindicar a parte da herança para sua filha, mas as suas súplicas foram em vão. Os herdeiros nada deixaram para Maria Zilda.

Desesperada, Maria Tereza já um tanto alcoolizada, pernas abertas, batia com a mão direita no púbis e gritava:

– Maria Zilda é filha, sim. PEBINHA ENTRAVA AQUI NESSE BURACO, UAI?

Ulisses Abreu

20/11/2021

(Obs: Os nomes de pessoas são fictícias e qualquer semelhança é mera coincidência!)

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