História de Ouro Fino: Barraco no Hospital

Naide estudou história. Sempre gostou dessa matéria.

Mesmo de família mais humilde do alto do cemitério sonhou, por muito tempo, conhecer a riqueza histórica da nossa pátria mãe.

Para realizar o seu desejo, tomou dinheiro emprestado, legalizou a papelada e partiu num voo da TAP.

Durante o voo de uma noite inteira não conseguiu dormir direito, banco apertado e preocupação de não encontrar a amiga no aeroporto Internacional de Lisboa, conforme combinara.

Foi só apreensão. Tudo ocorreu dentro do que fora milimetricamente traçado.

Agora era só se lambuzar na história.

Na Igreja dos Ossos em Évora, Naide começou a sentir dor de cabeça e febre. A amiga não se hesitou. Com seguro saúde em mãos, foi ao hospital mais próximo.

O médico depois de examina-la, determinou que o enfermeiro aplicasse nela uma injeção.

Companheira no corredor, Naide entrou só com o enfermeiro na sala de instrumental.

Empunhando numa das mãos a injeção e noutra um algodão etílico, foi logo falando:

  • “A senhoira quere pica no braço ou na bunda?”
    Ela meio atordoada:
  • o que o Sr está a dizer?
    Ele:
    “é só uma piquinha na bunda”, minha senhora.
    Naide pegou a bolsa indignada e sai. Queria polícia, só polícia.
    Contou tudo que se passará com o enfermeiro.
    A amiga a tranquilizou.
    Não, pica aqui é uma picada de injeção, apenas.
    Naide mais tranquila voltou ao enfermeiro, pediu desculpas e tomou a pica na bunda.
  • (Texto: Ulisses Abreu. Foto: Woldpackers)

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