História de Ouro Fino

JÚLIO BUENO BRANDÃO – A GALINHA CHOCA

Por Ulisses de Abreu (Foto/arte: canva)

Corria o ano de 1889, a segunda monarquia andava lenta quase parando. A insatisfação era grande, mormente por parte dos militares.

O Marechal Floriano Peixoto dá o golpe, derruba Dom Pedro II e instaura a República Federativa do Brasil, em 15 de novembro de 1889, assumindo a Presidência da República.

Ouro Fino festeja esse acontecimento, como todo povo brasileiro, na esperança de dias melhores, entretanto isto não aconteceu, uma vez que o embate político pelo mando recrudesceu de tal forma que a cidade se dividiu entre CONSERVADORES E LIBERAIS (CURIANGOS E MOLAMBOS) e tristes e lamentáveis acontecimentos se sucederam à época.

Para o comando do município de Ouro Fino, o Governador Bias Fortes nomeou o CURIANGO, FRANCISCO DE BARROS MELO, que deveria presidir as primeiras eleições locais.

Dominava a Política local, o Dr. Silviano Brandão, pertencente a elite agrária, que detinha grande poder de mando, através do clientelismo e coronelismo.

Compete ao Dr. Silviano Brandão, com grande poder político, através de barganha com Bias Fortes, dezoito meses depois, caçar a nomeação de FRANCISCO DE BARRO MELO (CURIANGO) do cargo de Intendente (prefeito) e nomear seu primo e cunhado JÚLIO BUENO BRANDÃO (MOLAMBO) com todo seu grupo político, que comandaria as primeiras eleições em Ouro Fino. Nesse momento, nasce a oligarquia dos Brandões, que perdura até pouco mais do ano de 1930.

A primeira eleição em Ouro Fino entre MOLAMBOS e CURIANGOS foi deplorável, uma verdadeira guerra entre irmãos de uma mesma cidade: voto de cabresto, currais eleitorais, voto de bico de pena, assassinatos, prisões, deportações, calúnias, mentiras e tudo mais que pudesse desqualificar os candidatos.

LUIS LEITE era um jovem de pouco mais de vinte anos de idade, formado em direito pela Faculdade de São Paulo, além de candidato, comandava os CURIANGOS.

Seu adversário JÚLIO BUENO BRANDÃO (MOLAMBOS) só tinha o curso primário e exercia a advocacia como rábula ou provisionado.

Por esse motivo, para desqualificar JÚLIO BUENO BRANDÃO os CURIANGOS se divertiam contando a seguinte estória: O Sr. Francisco de Paiva Brandão, pai de Júlio, mandou que ele fosse estudar em São Paulo.

Antes da viagem, Júlio colocou uma galinha para chocar e, depois de um ano, quando voltou de São Paulo, perguntou a sua mãe, dona Francisca:

– Mãee!… vou lá ver se minha galinha já chocou os ovos…

Ulisses Abreu

15/05/2022

JÚLIO BUENO BRANDÃO, sem dúvida, foi o maior expoente político de todos os tempos de Ouro Fino. Com apenas o curso primário, atuou como balconista no comércio de seu pai; advogou como rábula e provisionado na cidade; sem ser advogado foi juiz de direito em Camanducaia; foi juiz municipal e delegado de polícia em Ouro Fino.

Como político, foi vereador; presidente da Câmara (prefeito); deputado, senador do Estado; duas vezes presidente de Minas Gerais ( governador) e, em Ouro Fino, presidiu e atuou no partido LIBERAL, denominado “MOLAMBOS”.

One thought on “História de Ouro Fino

  • 20 de Julho, 2023 at 07:10
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    Parabéns pela sua escrita sempre tão pontual. Grande abraço!

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