Rio sem sentido

Está tão seco aqui na minha terra que eu só consigo pensar no creme Nívea da latinha azul.

Difícil crer que o Cerrado pega fogo e as nossas florestas viram pasto para gado de um dia para o outro. Eu pensei em sair na contramão com uma bandeira verde e amarela ou então, bem mais racional, mover uma ação civil pública em desfavor desses infratores da pátria amada Brasil. Mas nada mais é suficiente para a compreensão desumana, faminta de lucros bem humanos.

O silêncio talvez faça mais sentido, mas a omissão, essa não perdoa quem tem o dever de agir e nada faz, principalmente, quando ações e palavras chovem no molhado.

Faz quase um mês – ou mais até – que racionamos água na cidade e ninguém ainda se deu conta que ela é finita e respeita um ciclo.

O órgão municipal como sempre age de cima para baixo. Prefere cortar a educar e a população grita com razão contra a conta da água seca, já que pagamos pelo consumo mínimo de 15 mil litros.

Ninguém consegue mais vislumbrar o horizonte que se aproxima. Tudo é tão dia seguinte que o futuro está no agora, desidratado e autoritário.

Triste Rio sem sentido. Só uma lágrima se impõe neste mar de poucas possibilidades.

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