A Árvore Que Chora

Por Ulisses Abreu

Fotos: Luciana Leal

A QUERESMEIRA chora baixinho. Choro de angústia e dor ao ouvir o ronco forte e estridente da motosserra, que corta, impiedosamente, a frondosa e robusta árvore de ESPATODIA.

Oh, malditos destruidores da natureza!… – Reclamam os pássaros no trinar fúnebre de seus tristes cantos.
Flores vermelhas que cobriam a imensa copa arredondada começavam a forrar o chão de um tom sanguinolento à medida que a corrente da motosserra carcomia as entranhas daquele vigoroso tronco.


Nos seus últimos estertores, a ESPATODIA ainda suplicou:

Alemão, Alemão me deixe VIVER!
O homem da motosserra não lhe deu ouvidos.
Um estrondo ecoou. A queda da árvore foi lenta e de ranger choroso.
A natureza também chorou…
Nuvens escuras toldaram os céus de OURO FINO. Corriam velozes, como grandes manadas de búfalos, cobrindo de luto as verdejantes montanhas que bordam a cidade.


Os pássaros também perderam o seu grande palco. Era uma verdadeira festa de trinar e dançar de pássaros, pulando de galho em galho, anunciando o albor do dia.
Naquele momento Ouro Fino teve notícia de que mais um crime ambiental acabava de acontecer nos arredores de centenário Grupo Escolar.
Nem tudo se encontra perdido nesta terra do ouro fino.

Vamos replantar mil árvores nas ruas desta cidade! Mil – Disse o João de Barro, o grande arquiteto, após a assembléia de pássaros no topo da QUARESMEIRA.
Carregando a semente da ESPATODIA no bico e a alma cheia de esperança, cada um dos pássaros partiu para transformar Ouro Fino na cidade das flores.
E o transeunte apático, ao passar diante do amontoado de galhos e troncos serrados da imponente ESPATODIA, via somente uma pilha de madeiras, entretanto ali dormia inerte parte da história de Ouro Fino.

Ulisses Abreu
31/07/2023

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