Indicação Geográfica como reconhecimento da qualidade regional de cafés

As Indicações Geográficas (IG) tem como objetivo reconhecer a qualidade de um
produto em função das características do meio geográfico que pode estar associada ao
clima, solo, a cultura, o “saber regional”, o conhecimento passado entre as gerações as
quais pode influir na qualidade de um determinado produto tornando-o único no mundo.
Portanto nenhuma localidade neste planeta globalizado e conectado consegue produzir
aquele produto com aquela característica ímpar.

Existem hoje duas modalidades de Indicações Geográficas:

Indicação de procedência no qual a qualidade do produto está associado ao modo do
“saber fazer” aquela mercadoria estando correlacionado a cultura, os saberes regionais, o
conhecimento dos antepassados ou alguma particularidade que reflita as pessoas
daquela localidade, no qual por meio do conhecimento adquirido, produza um produto
com características singulares.

Denominação de origem que tem a qualidade do produto marcado pelas condições do
meio onde está localizado interagindo com o clima e solo, que se faz único naquele local,
consequentemente produzindo um bem que em nenhum lugar do mundo é capaz de
reproduzir um produto com a qualidade daquela área geográfica.
Por meio das indicações geográficas aquela localidade tem o reconhecimento e a
segurança que seu produto não está sendo comercializado por outras regiões de maneira
fraudulenta. Podem participar de uma Indicação geográfica várias mercadorias como
artesanatos e produtos de origem agrícola destacando o café como um dos principais
produtos do Brasil com este reconhecimento. Um dos cafés brasileiros mais reconhecidos
pelas indicações geográficas são os cafés da Região do Cerrado Mineiro e mais
recentemente o café da Mantiqueira de Minas, ambos detém a Denominação de Origem.
Em qualquer lugar do mundo que se fala em cafés brasileiros certamente os
consumidores vão estar lembrando destas regiões. Certamente esta notoriedade não foi
conseguida repentinamente. Por mais que o meio geográfico esteja favorável para os
cafés de qualidade, há o emprego de trabalho com responsabilidade e dedicação a qual
contribui para tal reconhecimento.
Estes cafés por estarem situado numa região particular e com o conhecimento
adquirido ao longos dos anos sobre o processo produtivo da cultura, conseguem produzir
um produto de excelência que somente pode ser produzido nestas localidades. Neste
contexto a cultura do café apresenta esta “magia” no qual por meio da sua interação com
o meio que está sendo produzido, pode apresentar qualidades muito distintas o que torna
esta bebida tão diversificada em termos de sabores e nuances.
Ao longo do “continente” que é o Brasil há variados sabores de cafés, cada qual
com sua particularidade, tanto é que o logo do nosso café é “CAFÉS DO BRASIL, um
País Vários sabores”.
A conquista destas indicações geográficas trazem vários benefícios que estão além
das “fronteiras” dos produtos a obterem esta certificação. Isso movimenta o turismo, a
pesquisa, a extensão, a educação e consequentemente todo setor de serviços. Permite
que essa notoriedade conquistada seja um reflexo de excelência para outros produtos
regionais.
No entorno do extremo sul de Minas Gerais há várias localidades buscando as IG’s
e dentre estas áreas geográficas encontra-se a Região de Ouro Fino, Inconfidentes,
Monte Sião, Bueno Brandão, Jacutinga e Borda da Mata que apresenta este potencial em
função da altitude, do solo, clima, relevo acidentado, da sustentabilidade dos processos
produtivos, da preocupação com conservação e restauração das matas e com o modo
todo particular de produzir café pelos nossos produtores tornando nossos cafés únicos no
mundo.
Contudo esse ainda é um desejo, sendo necessário o envolvimento de todos atores
do café buscando esse objetivo em comum. Provável que o maior desafio será conciliar
interesses distintos das empresas privadas, do setor público, dos cafeicultores em torno
de um IG. Mas temos certeza que isso é possível, haja vista que o mais difícil que seria
um produto de qualidade diferenciada nós já temos, o restante depende apenas do
trabalho de toda comunidade cafeeira.
Essa “fronteira do café” em busca de uma IG certamente vai trazer mais
reconhecimento para outras áreas de relevância para o extremo sul de Minas Gerais,
destacando nossa culinária, as malhas, crochês, as cachoeiras, o caminho dos peregrinos
(caminho da Fé, das Preces, das Capelas e Nhá chica), nossas montanhas e o que há de
mais bonito as PESSOAS.
Autor: Bruno Manoel Rezende de Melo; Tecnólogo em Cafeicultura, Doutor em
Agronomia/Fitotecnica. IFSULDEMINAS-Campus Inconfidentes.
Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/4059991435170878
Autor: Daiani Cristina Rubin de Toledo , Engenheira Agrônoma
Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/8166438942165722

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