Integração na produção de fertilizantes orgânicos da agricultura e pecuária

Um grande desafio dos agricultores para os próximos é a PRODUÇÃO DE ALIMENTOS para uma população crescente, com responsabilidade socioambiental, máxima eficiência nos processos produtivos e redução de custos. Um dos fatores determinantes para promover o aumento na produção de alimentos está o solo, nesse sentido, para elevar a capacidade produtiva faz-se necessária a utilização de vários insumos agrícolas tais como fertilizantes que podem ser sintéticos ou orgânicos, capazes de fornecer os nutrientes necessários para que a planta possa completar seu ciclo de crescimento e desenvolvimento.

Nestes últimos anos estamos verificando uma crescente demanda por fertilizantes, seja pelo aumento nas produtividades ou nas áreas de cultivo. Verifica-se com isso uma maior demanda em relação à oferta na aquisição de fertilizantes, o que acarreta o aumento nos preços destes insumos. O incremento no preço deste insumo também é impulsionado pela valorização nas cotações do dólar, dos combustíveis além da pandemia da covid-19.

Quando fazemos uma análise a médio e longo prazo verificamos também que as matérias-primas para a produção da maiorias dos adubos são finitas, portanto o preço dos insumos tendem a manter em alta, contribuindo para encarecer ainda mais os alimentos, sendo que a alimentação, principalmente da comunidade mais pobre do nosso planeta compromete boa parte da sua renda, contribuindo para o aumento da insegurança alimentar e consequentemente a fome.

Para minimizar estes efeitos há necessidade do emprego racional dos fertilizantes na agricultura podendo conciliar o fertilizante sintético com o orgânico. Outra alternativa é o aproveitamento de subprodutos da atividade da agricultura e pecuária, muitas vezes disponíveis na propriedade no qual podem ser utilizados como fonte de fertilizantes, sendo alternativas consideradas sobretudo sustentáveis. Além de fornecer os nutrientes necessários às plantas estes melhoram as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo e contribuem para a diminuição de propagação de gases causadores de alterações climáticas.

Na agricultura e pecuárias sãos vários os subprodutos que podem ser utilizados para fertilizar o solo e nutrir as culturas agrícolas, destacando a palha e casca de café, torta de mamona, resíduos agroindustriais e os estercos de origem animal como suíno, equino, bovino, dentre outros, que podem ser decompostos através de atividade microbiana, conhecida também como compostagem e ao final do processo serem aplicados as culturas de interesse (Figura 1).

Figura 1- Compostagem de resíduos orgânicos. Fonte: (GENERCI, 2022)

O setor sucroalcooleiro é um das atividades do agronegócio mais eficiente no uso destes insumos, pois nada se perde. Como exemplo o bagaço de cana é utilizado como fonte de energia, na produção de etanol de segunda geração ou mesmo para a produção de adubo orgânico. A vinhaça outro subproduto volta para os canaviais como fonte de potássio. Este setor é um exemplo do uso racional dos subprodutos que são gerados durante o processamento da cana de açúcar.

Na atividade de criação de gado de corte há várias críticas em relação a contribuição no efeito das alterações climáticas, contudo o setor caminha rumo à sustentabilidade. Cada animal, em média/dia defeca e urina 30 litros de resíduos. Estes materiais são ricos em nitrogênio, fósforo, potássio entre outros nutrientes que quando descartado no ambiente podem comprometer a qualidade do meio contaminando água, solo e atmosfera.

O uso integrado dos resíduos bovinos com o material palhoso permite produzir a Cama sobreposta ou “Compost barn” sendo um o método relativamente novo (porque até então era utilizado somente em criações de suínos e aves) constituído pela deposição de camadas de 40 a 70 cm de material palhoso oriundo do café, arroz, serragem etc., (Figura 2) no qual são misturados aos dejetos do animal na baia de descanso. Para evitar a compactação dos materiais gerada pelo pisoteamento e evacuação dos animais, há necessidade de proceder o revolvimento a fim de proporcionar melhor aeração, redução da umidade e auxiliar o processo de compostagem aeróbica, evitando o mal cheiro e reduzindo a quantidade de insetos na baía.

Figura 2 – Palha de café adicionada no “compost barn”. Fonte: (BRUNO, 2022)

Após um período que pode ser de 8 a 36 meses que vai depender da estabilização (Figura 3) do material, ou seja uma relação adequada de carbono nitrogênio (C/N) o mesmo já está pronto para ser aplicado na agricultura, sendo a aplicação feita de acordo com a análise de solo, do composto e das necessidades da cultura, sempre com orientação de um profissional especializado.

Figura 3 – Compostagem estabilizada pronto para uso na agricultura como fertilizante. Fonte: (GENERCI, 2022)

A consequentemente redução da contaminação do ambiente pelo aproveitamento dos dejetos animais e palhas, diminuição dos custos de produção pela menor aquisição de insumos externos, promoção de uma agricultura mais sustentável pelas boas práticas agronômicas e os bons índices zootécnicos e de bem estar animal acabam por fazer do Compost Barn um sistema de alojamento (Figura 4) eficaz no que tange a produção racional na agropecuária

Figura 4 – Baía para alojamento dos animais. Fonte: (RAFAEL, 2022)

A exemplo desse sistema na região de Pouso Alegre o IFSULDEMINAS Campi Inconfidentes e Muzambinho firmaram parceria com duas empresas na qual ocorreu a integração do setor de bovino de corte, com produção de milho (Figura 5) para silagem e com uma exportadora de café a qual fornece material palhoso para fazer a cama sobreposta. Até o momento não estamos “a inventar a roda”, mas sim a execução de uma tecnologia que possa atender a realidade regional com implementação e validação de novos processos, projeto este realizado pelos pesquisadores e alunos de nossa instituição.

Figura 5 – Sistema de integração lavoura floresta com aproveitamento de resíduos orgânicos. Fonte: (GENERCI 2022)

Autor: Bruno Manoel Rezende de Melo, Tecnólogo em Cafeicultura, Doutor em Agronomia/Fitotecnica. IFSULDEMINAS-Campus Inconfidentes.

Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/4059991435170878

Autor: Flávia de Souza Veronezzi Bastos, Graduanda em Engenharia Agronômica – IFSULDEMINAS-Campus Inconfidentes.

Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/8505593652453745

Autor: Inara Almeida Pereira, Graduanda em Engenharia Agronômica – IFSULDEMINAS-Campus Inconfidentes.

Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/6294896349538132

Autor: Emily Rocha Ribeiro, Graduanda em Engenharia Agonômica – IFSULDEMINAS- Campus Inconfidentes.

Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/5989276120162222

Autor: Letícia de Campos Silva, Graduanda em Engenharia Agronômica – IFSULDEMINAS-Campus Inconfidentes

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