História de Ouro Fino: A Praga do Padre

Sandra e Regina, duas ourofinenses apaixonadas pela cidade, discutiam os motivos pelos quais Ouro Fino não ia pra frente. A cidade se amesquinhava diante das vizinhas Pouso Alegre e Monte Sião.

Sandra discorria sobre a importância que Ouro Fino tivera no passado. Era de fato o centro das atenções de Minas e do Brasil. Falava de Bueno Brandão, um filho da terra, que fora Governador de Minas Gerais e que aqui se dera a aliança “CAFÉ COM LEITE” que governara o país por muitos anos. Além do mais engrandeceram a cidade deputados e filhos ilustres, que se destacaram nos diversos campos de suas atuações.

Regina não discordava de Sandra, entretanto educadamente fazia o papel de advogado do diabo.

– Sandrinha, minha querida, mas isso foi no passado. Hoje Ouro Fino encolheu. A cidade não vai pra frente. O patrimônio histórica da cidade ou foi demolido ou está se deteriorando. Cobriram o lindo calçamento de paralelepípedo da Rua Treze com uma camada asfáltica.

Enquanto isso Pouso Alegue cresce vertiginosamente, Ouro Fino definha, numa estagnação espantosa. A nossa Santa Casa, que deveria ser referência regional, sobrevive da benemerência pública e, isso, ocorre com as entidades particulares de assistência social. Enquanto Ouro Fino dorme, Pouso Alegre já lança a Pedra fundamental de um grande Hospital de Oncologia e se torna a cidade referência regional em Saúde Pública.

-E não é só isso, Sandrinha. Enquanto o prefeito de Pouso Alegue trás de Goiás para a cidade grandes laboratórios de Fármacos para a produção em escala de medicamentos, Ouro Fino busca em Goiás o MENINO DA PORTEIRA e constrói para ele uma estátua. É o dinheiro público indo para o ralo.

Sandrinha, nem quero falar aqui do desenvolvimento sócio econômico da cidade de Monte Sião.

– Chega Regina – Falou Sandra. É muito para a cidade que amamos tanto.

– Isso só pode ser a PRAGA DO PADRE RICARDO.

Sandra se achegou para mais perto de Regina, pegou na sua mão caída no joelho e contou:

– Padre Ricardo era pároco da Igrejinha de São Benedito, lá para o alto do cemitério de Ouro Fino. Vegetariano convicto, ao invés de carne, comia ovo. Para abastecer o seu próprio regime, comprou umas galinhas já poedeiras e se orgulhava de mostrar as carolas, que frequentavam sua casa, a beleza dos ovos que colhia.

– Tempos depois, as galinhas do Padre Ricardo começaram a sumir – continuou Sandrinha. A vigilância do pároco aumentou para descobrir quem era aquela ladrão de Galinha. E ele descobriu. Era o jardineira da prefeitura de Ouro Fino. Preso o Jardineiro confessou na delegacia de Polícia que fazia aquilo à mando do então prefeito. Delegado e prefeito amigos, o depoimento do jardineiro ficou o dito por não dito.

Padre Ricardo, amargurado com a injustiça, de joelhos diante de São Benedito pediu, com grande devoção, que todo Prefeito de Ouro Fino, daquele dia em diante, nascesse com cabeça de Galinha.

São Benedito não foi tão cruel. Os prefeitos de Ouro Fino nasceram com cabeças normais, mas com crânio de Galinha. Não pensam grande, por isso, Ouro Fino se amesquinha nos voos de Galinha…  – Sandra concluiu pesarosa a estória da PRAGA DO PADRE RICARDO.

Ulisses Abreu

12/11/2021

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